Lucas 18, 9-14 O Fariseu e o Publicano
9 Jesus
lhes disse ainda esta parábola a respeito de alguns que se vangloriavam como se
fossem justos, e desprezavam os outros: 10
Subiram dois homens ao templo para orar. Um
era fariseu; o outro, publicano.11 O fariseu, em pé, orava no seu
interior desta forma: Graças te dou, ó Deus, que não sou como os demais homes:
ladrões, injustos e adúlteros; nem como o publicano que está ali.12 Jejuo duas vezes na semana e
pago o dízimo de todos os meus lucros. 13 O
publicano, porém, mantendo-se à distância, não ousava sequer levanntar os olhos
ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem piedade de mim, que sou
pecador! 14 Digo-vos: este
voltou para casa justificado, e não o outro. Pois todo o que se exaltar será humilhado,
e quem se humilhar será exaltado.
Reflexão:
Versículos
9-10: Quem são os dois personagens dessa história? Os fariseus
formavam a classe espiritual dominante em Israel. Eram, em sua maioria,
empresários de classe media. Enxergavam a Palavra Escrita e a tradição oral
como sagrados. Extremamente legalistas, o relacionamento deles com Deus era
reduzido a uma lista de regras e rituais. Jesus falou duramente deles. Em Mat
23,27-28, Cristo os compara a sepulcros caiados, que exteriormente pareciam
justos, mas dentro deles havia apenas podridão, hipocrisia, iniquidade. Os
publicanos eram pecadores públicos, cobradores de impostos. Não eram bem
vistos, pois muitos extorquiam o povo para ter uma renda mensal adicional.
Versículos
11-12: O fariseu da história tinha muitas qualidades! Vejam só:
não era ladrão (1), não era injusto(2), não era adultero (3), não era um
publicano (4), ele jejuava (5), pagava dizimo (6)... Ele era perfeito! O
príncipe encantado para qualquer mulher... O genro que qualquer sogra quer! Mas
porque Deus então não ouviu a oração dele? Ele não estava mentindo em nada...
Senão Jesus haveria dito... Pela logica, Deus ouve sempre a oração de quem é
bom e faz coisas boas, não é? Então porque Ele não ouviu? Porque o fariseu não
foi orar. Na verdade, ele foi falar dele, quase parabenizando a Deus por te-lo
criado. A oração que comove o coração de Deus vem de alguém que se sente
necessitado Dele. São Paulo nos diz que “o Espírito vem em auxílio à nossa
fraqueza; porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o
Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis”.(Rom 8, 26). Ora,
precisamos, portanto, sabermos que somos fracos para que o Espirito de Deus
venha interceder por nós, para que aprendamos a orar. É certo que não fomos treinados
para mostrar nossas fraquezas. Não aprendemos a chorar, a dizer que dói...
Desde crianças somos educados a não demonstrarmos nossas fraquezas, a fingirmos
que somos fortes. E assim crescemos e levamos isso para nossa relação com Deus.
. Quando escondo minha fraqueza, não me coloco diante de Deus como alguém que
precisa Dele... Mas São Paulo nos diz que “aquele que pensa estar de pé, tome
cuidado para não cair” (1Cor 10,12). Aquele que está de pé é mais fácil de ser
derrubado do que aquele que está ajoelhado! A soberba nos impede de sermos
atendidos por Deus, porque não nos enxergamos como somos e por isso não nos
fazemos necessitados Dele.
Versículo
13:
O publicano, por sua vez, nem conseguiu ficar perto... Mantinha-se à distancia
e nem sequer levantava os olhos ao céu... Olha a humildade dele... Ele é alguém
que sabia que precisava de Deus, pois via toda sua pequenez, toda sua
iniquidade. A humildade é fruto de quem está perto da Verdade. Apenas na luz
podemos enxergar nossos defeitos. A grande diferença dos dois está aqui: um
(fariseu) achava que Deus precisava dele... E o outro (publicano) sabia que
necessitava de Deus, pois se enxergava como realmente era. O mundo tá criando
um ser humano para não precisar de Deus... A gente precisa de Deus para que? Preciso
das pessoas para que? É o conceito do descartável... A indiferença religiosa
gestou um Deus descartável, que eu uso quando eu quero e do jeito que quero. Se
Ele não me fizer do jeito que quero, vou a outros lugares procurar um Deus à
minha imagem. E troco de religião, de pessoa, de coisas... O publicano
precisava de Deus... Esta é a primeira atitude de quem quer experimentar
milagre em sua vida: fazer-se necessitado de Deus! O fariseu, ao contrario,
achava que Deus precisa Dele...
Versículo 14: Não basta simplesmente rezar. Os dois falaram a verdade. A intenção dos dois era a mesma: encontrar-se com Deus. Só que no final do Evangelho, Jesus diz que um deles voltou para casa justificado, curado, restaurado; o outro não. Se ainda não atingimos o milagre que pedimos, é porque certamente nos comportamos como publicamos, mas nos enxergamos como os fariseus... É hora de mudar! Precisamos reconhecer que somos pecadores. Precisamos reconhecer a necessidade que temos de Deus e começarmos a dobrar mais o joelho no chão. Assim devemos começar nossa quaresma. Cobrirmo-nos de cinzas tem esse significado: reconhecermos que nada somos. Que somos pecadores, que somos pó e ao pó voltaremos. E por isso, não há mais tempo a perder. Precisamos nos despojar de nós mesmos, termos a coragem de nos mostrar como somos para Deus e então fazermos
Áudio e Música do encontro:
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