quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Encontro do dia 16/09/2013 - Lucas 15, 11-32 - O Filho Pródigo

Lucas 15, 11-32 - O Filho Pródigo

11 Disse também: Um homem tinha dois filhos. 12 O mais moço disse a seu pai: Meu pai, dá-me a parte da herança que me toca. O pai então repartiu entre eles os haveres. 13 Poucos dias depois, ajuntando tudo o que lhe pertencia, partiu o filho mais moço para um país muito
distante, e lá dissipou a sua fortuna, vivendo dissolutamente. 14 Depois de ter esbanjado tudo, sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a passar penúria. 15 Foi pôr-se ao serviço de um dos habitantes daquela região, que o mandou para os seus campos guardar os porcos. 16 Desejava ele fartar-se das vagens que os porcos comiam, mas ninguém lhes dava. 17 Entrou então em si e refletiu: Quantos empregados há na casa de meu pai que têm pão em abundância... e eu, aqui, estou a morrer de fome! 18 Levantar-me-ei e irei a meu pai, e dir-lhe-ei: Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; 19 já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados. 20 Levantou-se, pois, e foi ter com seu pai. Estava ainda longe, quando seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. 21 O filho lhe disse, então: Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. 22 Mas o pai falou aos servos: Trazei-me depressa a melhor veste e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e calçado nos pés. 23 Trazei também um novilho gordo e matai-o; comamos e façamos uma festa. 24 Este meu filho estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado. E começaram a festa. 25 O filho mais velho estava no campo. Ao voltar e aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. 26 Chamou um servo e perguntou-lhe o que havia. 27 Ele lhe explicou: Voltou teu irmão. E teu pai mandou matar um novilho gordo, porque o reencontrou são e salvo. 28 Encolerizou-se ele e não queria entrar, mas seu pai saiu e insistiu com ele. 29 Ele, então, respondeu ao pai: Há tantos anos que te sirvo, sem jamais transgredir ordem alguma tua, e nunca me deste um cabrito para festejar com os meus amigos. 30 E agora, que voltou este teu filho, que gastou os teus bens com as meretrizes, logo lhe mandaste matar um novilho gordo! 31 Explicou-lhe o pai: Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. 32 Convinha, porém, fazermos festa, pois este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado.

Comentários:

Esta parábola faz parte das três parábolas da misericórdia (misere = misérias; cordia = coração), contadas por Cristo para mostrar que Ele espera pela conversão de cada um de nós. Pois Ele recebe em seu coração as nossas misérias e se alegra com nossa volta.
Pródigo significa “aquele que gasta sem medidas”

Versículos 11-12: Jesus relembra aqui a origem de todos os nossos pecados. “Pedir ao pai a parte da herança que nos toca” é o mesmo que a humanidade fez no inicio dos tempos, no pecado original. Em Genesis, vemos Eva comendo do fruto da árvore do “bem e do mal”. Comer deste fruto significa desejar decidir por si próprio o que é bom e ruim na sua vida. Significa querer ser deus de sua própria vida; não se submetendo mais às leis de Deus. O filho não queria mais submeter sua vida aos cuidados do Pai. Por isso pede a parte da herança que lhe toca. A herança que recebemos é nossa vida. E Deus nos dá liberdade de usufruirmos dessa herança como bem entendemos: ao lado Dele ou não. Naquela casa apenas havia uma regra: a regra do amor. E todo amor pressupõe liberdade. Porque Deus nos ama, Ele nos torna livres para vivermos como bem entendemos.

Versículo 13: País muito distante: ir para um país distante significa ir para lugares que nos façam esquecer de tudo o que somos. Isso acontece conosco, todas as vezes que decidimos gastar nossa herança, nossa vida, longe de Deus... Deixamos de rezar, de ir à Igreja, de receber os sacramentos... Começamos a viver num país distante para que o remorso não “ouse      bater em nossa porta”;

Versículos 14-16: O filho “começou a passar penúria” após ter “esbanjado tudo”. Quando dissipamos nossa vida em coisas que não são eternas, começamos a passar penúria, pois nada nos completa, porque o  mundo não nos dá o que realmente necessitamos. E assim, começamos a mendigar... Mendigamos amor, consideração, aprovação... Mendigamos e não somos saciados, pois é apenas em Deus que somos completos!

Versículos 17-19: “Entrou em si e refletiu”: Deus, na sua busca incansável por nós, se dá a conhecer em determinado momento de nossa vida. O verdadeiro conhecimento de nós mesmos é dado por Deus pelo Espírito Santo. Cair em si significa olhar para si mesmo, sem máscaras, para que possamos ver nossas misérias. Isso é necessário em toda conversão, pois apenas quando vemos que somos infiéis, pequenos e pecadores é que temos a humildade de irmos ao encontro de Jesus. É caindo nossas máscaras que podemos enxergar o que temos feito de nossas vidas. Enquanto vivermos na ignorância de nós mesmos, nunca voltaremos ao caminho de Deus.

Versículos 20-21: O reencontro do filho com o Pai é emocionante. O filho, que pelo caminho pensava em se justificar e se apresentar como um mero servo, é recebido com um abraço caloroso do Pai que estava esperando sua volta! E o Pai veio correndo encontra-Lo! Nem esperou o filho chegar... Nada de perguntas, nada de justificativas... O Pai não deixou o filho completar a frase que vinha ensaiando pelo caminho... Era o dia mais feliz de suas vidas! Ali iniciou a conversão do filho pródigo. Esta conversão não aconteceu enquanto o filho pensava em sua vida, nem enquanto caminhava para voltar para casa... A verdadeira conversão ocorre nos braços do Pai... é nos braços de Deus que somos convertidos, que temos nossas feridas curadas, que somos restaurados!

Versículos 22-24: O Pai pede aos servos que vistam o filho com a melhor roupa: aqui se encontra o que São Paulo fala em sua carta aos Colossenses (Col 3,10): é necessário que sejamos despidos do “homem velho” e nos revistamos com roupagens novas, com novas identidades de filhos de Deus, deixando para trás as marcas do passado e de nossos pecados. O anel simboliza a nova aliança que o Pai quer refazer com o Filho... E as sandálias, a liberdade que o Pai dá ao filho de permanecer ou não com ele... De ir e vir, pois todas as vezes que o filho se afastar, o Pai vai esperar pelo seu retorno. Amor incondicional, que não prende, nem escraviza, mas nos torna livres!

Versículos 25-32: O filho mais velho fica com raiva ao perceber a festa que o Pai havia feito para seu irmão. A raiva é tão grande, que nem queria entrar na festa... Pobre Pai... Incompreendido pelo filho mais novo, que quis viver longe do seu amor... E incompreendido pelo filho mais velho, que não entendia nada sobre seu amor por ele... “Há tanto tempo te sirvo...”. Sirvo? O coração do Pai estava entristecido: meu filho, você ainda não entendeu nada... Tudo o que é meu é seu!!!! O que você faz não é servir, é cuidar do que é nosso...
O filho também chama seu irmão de “aquele teu filho”, negando qualquer ligação fraternal com o caçula... Quantas vezes também julgamos os outros assim... Mas a grande verdade é que no “Pai-Nosso”, Deus nos ensina que Ele é nosso Pai... E se é “nosso”, significa que também é Pai de nossos amigos e inimigos. Por isso precisamos ser misericordiosos com todos, pois temos a mesma essência: a essência de pecadores. Todos erramos, todos somos limitados. Jesus nos convida a este mistério: “Sede misericordiosos, como também vosso pai é misericordioso” (Lc 6,36). Por isso, o pai relembra ao filho que quem havia retornado era seu irmão, dizendo: “convinha, porem, fazermos festa, pois este TEU irmão estava morto e reviveu, tinha se perdido e foi achado”

“Senhor, também somos esse filho prodigo, que por muitas vezes nos esquecemos do que é essencial e gastamos nossa vida com o que é perene, recebendo do mundo migalhas: migalhas de atenção, de amor... Não queremos mais viver assim... Queremos retornar à Tua casa, para vivermos segundo Tua vontade, pois só assim seremos felizes, pois só assim seremos completos. Também reconhecemos que por vezes somos como o filho mais velho, achando que temos o direito de julgarmos o próximo. Vem, então, curar nossos corações, Senhor, colocando em nossas vidas sinais do Eterno, transformando nosso coração, tirando nossas máscaras e nos fazendo sentir o Teu amor. Restaura-nos, Senhor! Inunda-nos no dia de hoje com Teu amor! Pois é Neste amor que somos curados e queremos viver!”

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